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Portal G1 traz a importância da pericia grafotécnica no caso do menino Bernardo. A notícia é do dia 13/03/2019.
Perito aponta 'indícios fortíssimos de falsificação' em assinatura de receita do remédio que matou Bernardo
Menino morreu em 2014, aos 11 anos, após ingerir superdosagem do medicamento midazolam, comprado com receita supostamente assinada pelo pai. Luiz Gabriel Costa Passos depôs nesta quarta, terceiro dia do julgamento dos réus acusados pela morte.
Por Joyce Heurich, G1 RS, em Três Passos
13/03/2019 14h30 Atualizado há um ano
O perito criminal grafotécnico aposentado Luiz Gabriel Costa Passos foi uma das testemunhas de defesa a depor nesta quarta-feira (13), terceiro dia de julgamento dos acusados de assassinar o menino Bernardo Boldrini. Ele afirmou que a assinatura de Leandro Boldrini, pai da vítima, na receita de midazolam, medicamento que causou a morte devido à superdosagem, tem "indícios fortíssimos de falsificação".
O G1 transmite o julgamento ao vivo
O perito foi contratado pela defesa de Leandro Boldrini, que alega que não foi ele quem assinou a receita do medicamento, pois não teve envolvimento no crime. Além dele, são acusados também a madrasta do menino, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz. A receita foi entregue por Edelvânia à atendente da farmácia onde o remédio foi comprado.
Antes do perito, outras duas testemunhas da defesa de Leandro foram ouvidas. O depoimento de Passos era muito aguardado, pois ele traria uma conclusão sobre a rubrica questionada, enquanto os peritos do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP) disseram que não seria possível fazer a análise pela grande variação gráfica de Leandro. Assim, não foi possível determinar se o médico cirurgião e pai de Bernardo teria ou não assinado e carimbado a receita.
'Divergências gráficas significativas'
Comparação de assinaturas de Leandro Boldrini — Foto: Reprodução/TJ-RS
Antes do início do depoimento do perito, a imprensa foi retirada do salão do júri, e um telão foi instalado, de frente para os jurados, para que o perito pudesse ilustrar as comparações que havia feito. Por cerca de duas horas, o profissional defendeu que a rubrica que consta na receita do remédio não é do pai do menino.
Segundo Passos, 160 padrões de rubricas e assinaturas de Leandro Boldrini foram analisadas. Parte dos documentos foi obtida junto à delegacia, outra parte foi cedida pelo próprio réu. A partir disso, ele defendeu que conseguiu estabelecer, enquanto perito, sete hábitos gráficos de Boldrini e que nenhum deles foi encontrado na rubrica da receita.
"Me causou uma certa admiração que um assunto tão importante tivesse sido tratado no laudo em apenas um parágrafo. Na página 12, os peritos resolveram a questão da assinatura." Ele leu o trecho, que finaliza dizendo que impede comparação segura sobre autenticidade.
O laudo do IGP, segundo ele, listou 125 padrões (todos os documentos juntados, contendo escritos e assinaturas de Boldrini). "Dispus no meu exame acho que uns 35 padrões a mais que o IGP."
Entre os indícios de falsificação citados pelo perito, está uma "parada" na assinatura. "Fui verificar em todos os 160 padrões de Boldrini e isso não existe. Leandro grafa suas assinaturas de maneira espontânea. Isso aqui é um indício poderosíssimo", apontou. Ele disse que usou microscópio para fazer a análise.
Além disso, o profissional aposentado analisou os traços da primeira letra do nome, que seria "L", mas que, para o perito, parece um "M" no caso da receita em questão. Ele projetou na tela comparações da rubrica analisada com uma assinatura de Leandro, de outro documento.
A testemunha argumentou que a letra da receita tinha projeção horizontal, enquanto o outro documento apresentava uma projeção à direita, além de outras incompatibilidades. "Nunca são horizontalizados e largos e compridos", disse, referindo-se ao arco da letra.
"A angulação do traço do topo do último movimento da rubrica… Na receita questionada, temos uma curva mais ampla. Olha o que o Leandro tem o hábito de fazer: ângulo, ângulo, ângulo, não é curva. E aqui nós temos curvas bem abertas", acrescentou o perito.
A testemunha disse que as curvas seriam típicas nos casos de imitações porque permitiriam fazer o traço sem tremer, sem pontos de parada.
Por fim, o perito apresentou sua conclusão. “A assinatura questionada não proveio do punho escritor de Leandro Boldrini. Foi uma imitação", constatou.
"O dinamismo, a velocidade da assinatura questionada era inferior aos padrões. Em segundo, no centro da assinatura, tem uma interrupção anormal do movimento da escrita. Teve uma parada, uma retomada, outra parada e outra retomada. Quando isso não existe em padrões, mas em assinaturas, revelam indícios fortíssimos de falsificação gráfica", explicou.
Desentendimento e suspensão da sessão
O primeiro depoimento desta quarta foi marcado por um desentendimento entre a testemunha Luiz Omar Gomes Pinto, que trabalhou para Leandro Boldrini, pai do menino, e o advogado Jean Severo, representante da ré Edelvânia Wirganovicz.
A juíza Sucilene Engler Werle interferiu e pediu que advogado se acalmasse. A sessão chegou a ser suspensa novamente pouco tempo depois, porque algumas testemunhas relataram pressão alta.
Severo fez uma pergunta sobre traição envolvendo Graciele, madrasta do menino, após a testemunha dizer, em resposta ao representante de Graciele, que a ex-mulher de Leandro, que cometeu suicídio antes da morte de Bernardo, traía ele. Foi esse assunto que gerou a confusão. Já fazia cerca de meia hora que Luiz Omar falava.
"A defesa gostaria de saber se o senhor já ouviu um boato aqui nessa comarca em Três Passos, de que a Graciele tivesse um amante nessa cidade. A Kelly, a madrasta", indagou o advogado.
"Primeiramente, posso fazer um pedido? Eu escuto bem", respondeu a testemunha. "Mas isso é um problema seu, eu falo alto. Tu não vai me dizer nada, o senhor é testemunha aqui", rebateu Jean Severo.
A juíza interferiu: "Doutor, nem o senhor pode tratar a testemunha assim, ele pediu para o senhor falar baixo. O senhor afasta um pouco o microfone, por favor."
"É o meu jeito de falar. Para mim eu nem precisava de microfone. Eu só estou fazendo uma pergunta", continuou o advogado.
Luiz Omar, então, deu sua resposta sobre a pergunta feita inicialmente: "Nunca tive contato, não conheço, não faço questão de conhecer. E só grita quem não tem argumento", disparou.
"Ou fala assim quem está mentindo, como tu", rebate novamente Jean Severo. "O que o senhor disse?", questionou a juíza. "Ninguém vai me afrontar aqui", seguiu o advogado.
"O senhor está chamando a testemunha de mentirosa. Vamos suspender a sessão por uns segundos. Vamos lá conversar. O senhor se acalme, vá lá para dentro", encerrou a juíza. O júri ficou suspenso por cerca de cinco minutos.
Uma das perguntas que Luiz Omar respondeu sobre Leandro, com quem ele convivia, foi se ele lembrava de alguma situação em que o pai de Bernardo tenha sido agressivo. "Não tenho lembrança. Se houve, nesses poucos instantes que convivi com eles, sempre foi aquele padrão de tranquilidade", descreveu a testemunha.
Instantes depois de a sessão ter sido retomada, a juíza informou que testemunhas que aguardavam para serem ouvidas, em outra sala, estavam com pressão alta. Ela pediu novamente a suspensão do júri, por pouco tempo, para verificar a situação dessas pessoas. Quando retornou, disse que todos estavam bem.
Amiga da família de Leandro
A segunda testemunha foi a professora Maria Lúcia Cremonesi, que lecionou para Leandro Boldrini e é amiga próxima da família dele. Um dos promotores perguntou como ela chegou ao júri, e ela disse ter se oferecido.
"Um irmão, o Wilson, que me disse: 'Professor, a senhora é a pessoa que mais conhece o Leandro. Concorda em ser uma testemunha?"
"Eu acredito que eles queriam que eu corroborasse com essa verdade, que ele é desatento, que ele não presta atenção. Ninguém mais que a professora para dizer isso. A gente é vizinho, se conhece, eu não ia negar."
Ela relatou que Leandro e os irmãos não foram bem cuidados pelos pais. Disse que Leandro nunca foi pego no colo pelo pai, e que ele e os irmãos foram tratados de forma rude.
Depois da fala da professora, a defesa de Leandro informou que havia desistido de três testemunhas, dois irmãos dele e uma cunhada.
Fonte e Link da notícia: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2019/03/13/perito-aponta-indicios-fortissimos-de-falsificacao-em-assinatura-de-receita-do-remedio-que-matou-bernardo.ghtml


